Imagine só, meu pai o seu Arthur V.M.de Macedo que nasceu em 1920 viveu quase toda a evolução dos câmbios de bicicleta.
Uma bicicleta de competição tem muitas peças importantes, mas uma em especial tem uma importância maior (sem ela o Mountain Bike sequer existiria e ninguém seria BRUTÃO), e muitas vezes nem damos muita atenção a ela. Essa peça é câmbio de marchas. Embarque nesse post para conhecer mais sobre o descarrilhador, ou câmbio de bicicleta e a sua história.
Uma bicicleta de competição tem muitas peças importantes, mas uma em especial tem uma importância maior (sem ela o Mountain Bike sequer existiria e ninguém seria BRUTÃO), e muitas vezes nem damos muita atenção a ela. Essa peça é câmbio de marchas. Embarque nesse post para conhecer mais sobre o descarrilhador, ou câmbio de bicicleta e a sua história.
Origem
O ciclismo de estrada é o pai dos esportes com bicicleta, e foi através dele que surgiu a necessidade de se criar uma forma dos ciclistas vencerem as montanhas das provas da Europa, por que de FIXA não era tão vantajo.
O início de tudo se deu com a criação da roda livre, pois os atletas podiam parar de pedalar para descansarem os músculos, além de ser muito mais seguro para pedalar. A partir daí começaram a surgir as primeiras “soluções”. A primeira delas foi em 1914, com a adoção de uma roda com duas engrenagens, uma maior para trechos mais íngremes e outra menor para trechos planos.
O início de tudo se deu com a criação da roda livre, pois os atletas podiam parar de pedalar para descansarem os músculos, além de ser muito mais seguro para pedalar. A partir daí começaram a surgir as primeiras “soluções”. A primeira delas foi em 1914, com a adoção de uma roda com duas engrenagens, uma maior para trechos mais íngremes e outra menor para trechos planos.
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Cubo traseiro.com.duas catracas |
Sistema de inversão da roda. Esse mecanismo permite a centragem da roda de acordo com a engrenagem escolhida
Os ciclistas tinham que parar, tirar a roda traseira da bicicleta e inverter o lado da roda para usar a engrenagem que precisavam.
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Imaginem uma cena dessas em pleno Tour de France! |
Os ciclistas da foto estão invertendo as rodas das suas bicicletas num Tour de France da década de 1920
O próximo passo foi a criação de rodas livres com 2 ou 3 engrenagens (algumas bicicletas que usavam esse equipamento eram de cubo contra-pedal). As rodas usavam “borboletas” no lugar das porcas, o ciclista girava as borboletas e encaixava a corrente no pinhão que iria usar e apertava novamente as borboletas e seguia em frente. As vezes as rodas saíam do centro durante o percurso e o ciclista tinha que saltar da bicicleta e ajustar a roda novamente!

Sistema de 2 engrenagens e mudança manual. Repare nas borboletas usadas para apertar e afrouxar as rodas
O grande problema de parar para ajustar a roda não durou muito tempo, ainda na década de 1920 Alfredo Binda usava um esticador com roldana que ajustava a tensão da corrente, esse esticador ficava preso próximo ao movimento central e era acionado por uma alavanca.
Entre 1924 e 1925 uma fábrica de bicicletas chamada Ancora, criou uma novidade, o Câmbio Victoria. Este câmbio usava um esticador com mola e trocava a corrente nos pinhões através de um dispositivo de duas aletas, fixado no lado de cima do tubo traseiro horizontal, um pouco a frente do pinhão. A troca de marchas acontecia pelo girar desse tirante para um lado ou para o outro, bastando apenas pedalar para trás. Com o uso da mola no esticador, a corrente ficava sempre ajustada. Este câmbio, batizado com o nome de “Vittória Margherita”, já permitia o uso de uma roda livre de quatro velocidades, e a partir dele os melhoramentos foram acontecendo rapidamente.
Surge uma lenda
A 2° Guerra Mundial colocou um intervalo nas competições e no desenvolvimento tecnológico das bicicletas, mas logo após o fim da guerra, as atividades foram retomadas e as novidades começaram a surgir. Os câmbios deram um grande salto.
O nome que, dali para a frente, passaria a ser sinônimo de desenvolvimento tecnológico era: Campagnolo.
O nome que, dali para a frente, passaria a ser sinônimo de desenvolvimento tecnológico era: Campagnolo.
Na semana passada começamos a contar a história desse equipamento tão importante na história da bicicleta e do ciclismo em geral. Vamos conhecer agora a história do homem que revolucionou a história da bicicleta, Tullio Campagnolo.
Nasce uma lenda
Tullio Campagnolo nasceu em uma modesta família em Vicenza, Itália. Foi na loja de ferragens do pai que Tullio adquiriu a habilidade mecânica que o ajudaria a desenvolver os produtos que revolucionariam o ciclismo. Nessa época ele era um ciclista amador, chegou a correr a Milão – São Remo e Volta da Lombardia. Foi durante essa época que ele pôde vivenciar as dificuldades que os outros ciclistas passavam, como remover a roda para mudar de marcha. Em 11 de novembro de 1927, Tullio estava atravessando o Croce D´Aune, na corrida Gran Premio della Victoria e precisou remover a roda para mudar a marcha, mas suas mãos estavam tão geladas que ele não conseguiu soltar as borboletas que prendiam a roda, o que o fez perder a corrida.
Enquanto lutava para soltar a roda ele pensou que alguma coisa na roda traseira precisava mudar. Ele voltou para sua oficina e saiu de lá com uma alavanca de fecho rápido, hoje nossa velha conhecida blocagem de eixo. Antigamente entre o ciclistas aqui, era chamado de “eixo agulha”.
A blocagem ou fecho rápido foi apenas a primeira de uma série de inovações que saíram da oficina de Tullio Campagnolo. Foi dessa humilde fábrica em Vicenza que surgiu a idéia do Derailleur (descarrilhador), mais conhecido aqui como câmbio traseiro. Como vimos na parte I desse nosso post, antes do câmbio traseiro existir, os ciclistas tinham que inverter a roda traseira para poderem trocar de marchas, o que além de dar muito trabalho, era muito pouco para escalar as montanhas da França ou Itália. Campagnolo pensou num sistema diferente, então em 1933 ele inventou o primeiro descarrilhador do mundo. Continuou aprimorando o projeto e desenvolveu o Câmbio Corsa em 1940.
Logo depois ele lançou o Câmbio Roubaix que combinava o fecho rápido e a troca de marchas numa só alavanca. Para os padrões de hoje é um sistema bem complicado, mas para época era avançado, era a primeira vez que um ciclista podia trocar de marcha em movimento. Para fazer a troca de marcha, o ciclista folgava a roda traseira abrindo a blocagem (isso enquanto pedalava!), então com a outra alavanca ele movia a corrente na direção de um pinhão para o outro, quando a mudança era finalizada ele reapertava a blocagem. Esse sistema rudimentar revolucionou o ciclismo! Fausto Coppi e Gino Bartali foram alguns dos ciclistas que venceram muitas provas com os câmbios Campagnolo. Até a década de 1950 esses câmbios ainda eram usados. Foi a partir da década seguinte que Tullio desenvolveu um projeto de câmbio muito parecido com os atuais. O surgimento da Campagnolo como o fabricante definitivo de componentes foi devido, em grande parte, à própria pessoa de Tullio e ao seu conceito de fazer uma ligação entre o produtor e o usuário final. Prenunciando a P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) das companhias de hoje, Tullio começou seguindo as competições pessoalmente, ouvindo sugestões dos ciclistas e modificando os produtos para atender às necessidades deles.A partir da década de 1950 Tullio desenvolveu o primeiro câmbio de paralelogramo, padrão que é utilizado até hoje. Foi o câmbio Gran Sport 1012.
Nasce “O Grupo”
Na segunda metade dos anos 1950 Campagnolo introduziu o câmbio Record, acompanhado de uma série de novos componentes, pois até então os fabricantes de bicicletas utilizavam peças de diversos fornecedores, Campagnolo introduziu o conceito de grupo formado por uma gama de componentes construídos pelo mesmo fabricante e projetados para interagir do melhor modo possível. De lá até os dias atuais a Campagnolo segue sendo uma das principais marcas do ciclismo mundial e sempre inovando.